A DÁDIVA DOS ANOS: ENVELHECER COM GRAÇA
Irmã Joan Chittister, OSB
«O que deixaremos depois de nós? Eis a pergunta que faz repercutir o sentido de toda uma vida». Em um livro original(1) e cheio de esperança, Irmã Joan Chittister nos diz que nunca é muito tarde para deixar aos outros uma bela herança de nossa vida. O tempo da velhice, se o soubermos aproveitar, pode produzir esse fruto. Seguem alguns extratos desse livro.
Extratos da Introdução:
Esse livro é destinado àqueles que estão preocupados com seus familiares e com os problemas que a velhice possa estar suscitando neles. É também para aqueles que querem refletir sobre os efeitos graduais do processo de envelhecimento em suas próprias vidas. É ainda um livro para os que não se «sentem» velhos, seja qual for sua idade cronológica, mas um dia, com estonteante surpresa, se darão conta de não terem conseguido se esquivar disso.
Morte e envelhecimento não são sinônimos. A morte pode chegar em qualquer idade. Só os verdadeiramente abençoados alcançam vida longa.
Trata-se de um período especial da vida – quiçá o mais especial de todos. Mas com ele vêm todos os medos e esperanças de uma vida inteira. Para viver bem esses anos, precisamos encarar, atentos e de cabeça erguida, cada um dos medos e esperanças. A vida não é uma questão de idade, não consiste na duração dos anos que conseguimos dela ganhar com dificuldade. Consiste em envelhecer, em viver os valores oferecidos em cada etapa da vida. Conforme escreveu E. M. Forster: «Devemos estar dispostos a abrir mão da vida que planejamos, de modo a termos a vida que está esperando por nós.»
É a hora de abrirmos mão tanto de nossas fantasias de juventude eterna quanto de nossos medos de ficarmos velhos, e descobrir a beleza do que significa envelhecer bem. É a hora de compreender que a última fase da vida não é uma não-vida; é uma nova etapa da vida. Estes anos mais velhos – razoavelmente ativos, mentalmente alertas, experientes e curiosos, socialmente importantes e espiritualmente significativos – são destinados a serem anos agradáveis.
Contudo, a dimensão mais importante de envelhecer bem, talvez esteja na consciência de que há um objetivo para o envelhecimento. Há um motivo para a velhice, seja qual for a etapa da vida em que estejamos, sejam quais forem os nossos recursos sociais. Há um objetivo encravado em cada etapa da vida, nenhum menor que o outro.
«O entardecer de uma vida bem vivida,» escreveu o moralista francês Joubert, «traz luz própria.» A velhice ilumina – não apenas a nós mesmos, por mais importante que isso possa ser, mas também aqueles que estão ao nosso redor. Nossa tarefa é compreender isso. Na verdade, o período final da vida é um dos melhores tempos, um dos mais importantes. A questão é: por quê?
Terminei por achar que não existe essa coisa de só se ter uma vida para viver. O fato é que cada vida é simplesmente uma série de vidas, cada uma delas com sua própria tarefa, seu próprio sabor, sua própria qualidade de erros, seu próprio tipo de pecados, suas próprias glórias, seu próprio tipo de profundo e penoso desespero, sua própria pletora de possibilidades, tudo projetado para nos conduzir ao mesmo final: felicidade e um sentimento de realização.
A vida é um mosaico feito de múltiplas peças, onde cada uma delas se basta a si mesma, cada uma delas constitui um degrau na trilha que conduz ao que resta viver.
O mais evidente para mim, agora, é que cada etapa de nossas vidas, por mais que seja parte de uma linha de vida contínua, é distinta. Cada uma delas é, na verdade e singularmente, uma parte da vida tomada em sua globalidade. Cada uma delas nos dá uma nova possibilidade. E cada uma delas tem um objetivo.
Os acadêmicos escrevem artigos eruditos sobre a qualidade psicológica ou as mudanças físicas destes anos. Mas quando estamos progredindo de uma fase de nossas vidas para outra, tudo o que sabemos é que ficar mais velho consiste em envelhecer.
Qual é o sentido disso tudo? «A medida que envelhecemos nos tornamos mais loucos e mais sábios,» disse o escritor francês La Rochefoucauld. Cada período da vida tem sua própria meta. O último me dá o tempo para assimilar todos os outros. A tarefa desse período de minha vida não é a de simplesmente suportar a espera do fim que se aproxima. Consiste em encher-se de vida sob aspectos que jamais vivi antes.
Espiritualidade
«Envelhecer me desconcerta», escreveu Florida Scott-Maxwell, a psicóloga jungiana, em sua revista The measure of my days (A medida de meus dias), dirigida por ela em seus anos de octogenária. «Achei que seria uma época tranqüila. Meus setenta anos foram interessantes e razoavelmente serenos, mas meus oitenta anos são apaixonantes. Vivo cada vez mais intensamente à medida que envelheço».
E por que não? Se, à medida que os anos passam, ficarmos cada vez mais conscientes do significado e falta de significado das coisas, seguramente também deveremos ficar cada vez mais sensíveis, e não menos conscientes, do fluxo e refluxo da vida. Não ignoramos meramente a vida à medida que envelhecemos, mas nos envolvemos com ela em um nível diferente, resultante de outros motivos, com um coração mais concentrado.
Se apesar de tudo, aprendemos alguma coisa à medida que o tempo passa e as mudanças de estação se tornam cada vez mais escassas, é porque existem coisas na vida que não podem ser pré-estabelecidas. É bem mais provável que vamos para os nossos túmulos carregados de preocupações pessoais e compromissos marcados nas agendas que não foram resolvidos. Com o passar dos anos isso fica cada vez mais patente.
Algumas cicatrizes de família ainda não terão sido sanadas. Algumas das palavras faladas no calor de discussões e na afobação não terão sido sanadas. Algumas das amizades não terão sido renovadas. Alguns dos sonhos jamais se realizarão. Isso quer dizer que a vida foi jogada fora? Que tudo aconteceu por nada?
Sim, caso interpretemos erroneamente o significado do último período da vida. Essa época não é destinada a nos solidificar em nossas imperfeições. Ela pretende nos libertar para amadurecermos ainda mais.
No entanto, esperar que no final todas as rupturas tenham sido consertadas é, na melhor das hipóteses, irreal. As pessoas há muito terão partido e estarão até mesmo fora do alcance. Nessa derradeira etapa, nada poderá ser feito para retomar as conversas, muito menos consertar as rachaduras ou curar as feridas ainda abertas.
Das muitas coisas pelas quais ainda nos sentimos responsáveis, e até mesmo culpados, nada poderemos fazer para anular tudo isso agora – mesmo se o desejássemos. Não podemos refazer um casamento fracassado. Não podemos anular os anos de negligência, uma vida inteira de indiferença, uma história de desprezo pelas pessoas que tinham o direito de esperar nossa consideração. Não há nada que possamos fazer agora para compensar uma vida inteira de falta de contato com nossos filhos, a tensão que sentimos com nossa mãe, a distância que experimentamos para com nosso pai, os ciúmes, as explosões de cólera e irritações mesquinhas que marcaram os anos de um passado longínquo, mas que ainda mobilizam todas as nossas defesas pessoais. Essa época e essas situações, simplesmente se foram. Estão fora de nosso alcance. Além de nosso controle.
No entanto, as feridas ainda doem por dentro. Fomos feridos. Causamos o ferimento. Cometemos os erros. Criamos a confusão que veio deles. E não há e nunca houve, até onde podemos ver, qualquer maneira de consertar novamente Humpty-Dumpty(2). E agora?
Se não podemos lidar diretamente com todas as lutas inacabadas de nossas vidas, como é possível podermos encarar o fim da vida com algum tipo de serenidade?
O fato é que a intranqüilidade acumulada através dos anos se torna a verdadeira graça reservada para o tempo final, os últimos anos, o ápice da vida. Somente agora a consciência desses erros pode realmente provocar uma mudança em nós. Somente agora essa dor pode se tornar produtiva. Por quê? Porque agora devemos lidar com ela sozinhos. Não há mais ninguém aqui para nos perdoar, ninguém mais para nos dizer que tínhamos razão, ninguém para se render às nossas insistências, ninguém deixado para nos recusarmos a estar de acordo. Ao invés está tudo vivo dentro de nós. Agora devemos descer ao mais profundo de nós mesmos e fazer as pazes, não com nossos velhos antagonistas, e sim, mais importante que isso, com nós mesmos, com nossa consciência, esta consciência com a qual durante anos recusamos nos reconciliar.
Existem questões muito mais relevantes sobre o que aconteceu em nossa vida do que meramente ficar perguntando quem fez o quê a quem, por que, o quê nos aconteceu como conseqüência disso. Ao invés, o que deve interessar agora é o quê nos tornamos depois. Tornamos-nos um ser humano mais completo – ou apenas atravessamos a vida proclamando nossa inocência apesar da pequena canção que, no íntimo da alma, nos diz o quão culpados realmente fomos?
Esse é um período da vida no qual devemos começar a olhar para dentro de nossos próprios corações e almas ao invés de procurar fora de nós respostas para os nossos problemas, meios para consertar os nossos problemas. Esse é o momento de nos encararmos, de nos transportarmos para a luz.
Esse é um período de reflexão espiritual, de renovação espiritual da vida. Agora é o momento de nos perguntarmos que tipo de pessoa fomos nos tornando todos esses anos. E gostamos dessa pessoa? Tornamos-nos mais honestos, mais decentes, mais cuidadosos, mais misericordiosos à medida que prosseguíamos nossa caminhada? E se não foi o caso, o que deveríamos estar fazendo agora em relação a isso?
Seja o que for que tenha causado fissuras em nossas vidas, tivemos alguma participação na formação delas. O que se passa com aquela criança exigente, narcisista e mimada que ainda permanece em nós? E agora estamos prontos para lidar com o que sobrou dela?
À medida que o corpo começa a se desgastar, à medida que começamos a nos dissolver no além, seremos capazes de sacrificar aquelas coisas que, em nós, durante toda a nossa vida, foram um obstáculo entre nós e o resto da criação?
Podemos nos enxergar, face a face, e admitir quem somos? Se fomos egoístas, poderemos nos impor uma disciplina diária para cuidar dos outros? Se fomos desonestos para conosco, teremos agora o cuidado de dizer a pura verdade acerca de nós mesmos? Se estávamos sem Deus, seremos capazes de acreditar que o Criador da Vida pode também ser a morada de nossas almas, e podemos nos inclinar diante da Vida que tem direito sobre a nossa?
Podemos começar a ver-nos como parte do universo, mas apenas um fragmento dele e não seu centro? Podemos nos permitir aceitar o calor e a chuva, o sofrimento e as limitações, as inconveniências e os desconfortos da vida, sem pretender punir passivamente o resto da humanidade por causa das necessidades cotidianas inerentes ao ser humano?
Podemos sorrir do que não sorrimos durante anos? Podemos nos doar àqueles que necessitam de nós? Podemos falar nossa verdade sem necessitar estarmos certos, e aceitar os caprichos da vida agora sem precisar que todo o resto do mundo venha nos envolver além do que é humanamente possível de se esperar? Podemos falar decentemente com as pessoas e permitir que elas falem conosco?
Disseram-nos que as pessoas idosas se tornam mais difíceis à medida que envelhecem. Não. De modo algum. Elas simplesmente se tornam menos interessadas em manter suas máscaras, mais dispostas a aceitar o esforço de se tornarem humanas, seres humanos. Elas não são mais pretensiosas; elas encaram o fato de que agora, esse período, esse processo de envelhecimento, é a última oportunidade que lhes é dada para serem mais do que todas as pequenas coisas que nos permitimos ser no decorrer dos anos. Mas primeiro, devemos encarar o que é essa pequenez, e nos alegrarmos com o tempo que nos resta para nos tornarmos meigos ao invés de mais azedos que antes.
Um dos fardos destes anos é o perigo de nos entregarmos aos egos mais egoístas de nossa personalidade. Uma das bençãos desses anos é a possibilidade de enfrentar o que, em nós, escravizou-nos, e deixar nosso espírito se libertar do que o amarrou à Terra durante todos esses anos todos.
Herança
«Nada é mais desonroso do que o velho, carregado de anos,» escreveu Sêneca, «que não dá outro testemunho senão o de ter vivido bastante além da idade.»
Uma dor quase insuportável paira ao redor das sepulturas de soldados desconhecidos, ao redor de valas comuns, ao redor de corpos não-reclamados nos necrotérios das cidades. Mas não é só o anonimato da morte que pesa tanto aqui. Seguramente é porque uma vida nos deixou e não temos nenhuma maneira de saber que herança ela deixou para trás.
Mas há uma grande diferença entre deixar uma herança e deixar um «legado.»
Na sociedade moderna, deixar um «legado» normalmente significa especificar a distribuição dos bens – dinheiro, na maior parte dos casos – aos herdeiros segundo os termos estipulados no documento legal conhecido como testamento. Para a maior parte das pessoas é algo de relativamente raro ser mencionada num testamento.
E, no entanto, as pessoas falam o tempo todo sobre como a vida de alguém, agora falecido, as enriqueceu. O denominador comum de todas as mortes – rico ou pobre, homem ou mulher, poderoso ou sem poder – não é o testamento, não é o dinheiro. É a herança imaterial, o verdadeiro enriquecimento que cada um de nós adquiriu pelo fato de nossas vidas terem sido tocadas por aqueles que se foram antes de nós.
E essas heranças não são raras de modo algum. São elas que nos conectam tanto ao passado quanto ao futuro.
O que estamos inclinados a esquecer é que cada um de nós deixa uma herança, quer pretendamos ou não, quer queiramos ou não. Nossa herança é a qualidade da vida que deixamos para trás. O que fomos ficará gravado no coração daqueles que sobreviverem a nós nos anos futuros. A única questão é saber se cultivaremos essa herança viva tão cuidadosamente como fazem os banqueiros, cobradores de imposto e advogados com os testamentos materiais que nada distribuem além de títulos, ações, apólices de seguro e poupanças que podem desaparecer com as taxas legais que geram?
O que estamos deixando para trás? Eis a pergunta que ressoa ao longo da vida inteira.
Deixaremos para trás nossa atitude para com o mundo. Seremos lembrados se tivermos ou não inspirado nos outros o amor pela vida e a abertura com relação a todos os que a viveram conosco. Seremos lembrados por nossos sorrisos e carrancas, por nossas risadas e queixumes, por nossa bondade e nosso egoísmo.
Deixaremos para trás, a fim de que todo o mundo veja, o sistema de valores que terá caracterizado tudo o que fizemos. Pessoas que jamais nos perguntaram diretamente o que valorizamos na vida, nunca duvidaram um momento sequer do que ela era. Elas saberão se nos importamos com a Terra, porque nos observavam à medida que semeávamos nossos canteiros – ou deixávamos os detritos das garagens transbordarem no que poderia ter sido um jardim. Elas saberão o que pensamos das pessoas de outras cores ou credos diferentes pela linguagem que usávamos e pelos relacionamentos humanos que tivemos. Elas conhecerão a profundidade de nossa vida espiritual pela maneira com que tratamos aqueles que estavam ao redor de nós, o que pensávamos da vida e a que consagramos nossas atividades.
Deixaremos para trás a lembrança da maneira como tratamos os estrangeiros, como amamos as pessoas mais próximas de nós, como cuidamos daqueles que nos amavam, como falamos com eles em momentos difíceis, como nos doamos para atender às suas necessidades.
Deixaremos para trás, pelas posições assumidas com relação à morte e à vida, o propósito e o significado de ambas, um modelo de relacionamento com Deus. Nossa própria vida espiritual é simultaneamente um desafio e um apoio nos combates espirituais daqueles que nos cercam. À medida que se aproximam do momento da verdade, como nós, eles buscam modelos do que significa ir além da especulação, apesar da incerteza.
Nossa herança é mais do que nosso valor fiscal. Nosso legado não termina no dia em que morremos. Acrescentamos a ele cada momento de nossas vidas. É o momento culminante do processo de envelhecimento, a hora do coroamento. É a principal tarefa desses anos. Nesse período da vida temos tanto a visão quanto a sabedoria para enxergarmos que nossa herança será o que queremos que seja.
Se precisarmos apagar lembranças antigas e criar novas, esta é a hora de fazê-lo.
Se tivermos vivido uma vida desequilibrada, com mais ênfase no consumo e no acúmulo do que na doação, na partilha e na economia, estes são os anos para mudar nosso modo de vida a fim de que outros possam viver bem.
Se negligenciamos o desenvolvimento de nosso espírito por amor às coisas materiais, temos agora tempo para pensar novamente sobre o que significa estarmos vivos, cheios de vida, amarmos plenamente a vida, estarmos cheios de Deus. Estes podem ser os anos em que nosso espírito se eleva acima de qualquer ferida antiga, acima de todas as mesquinharias do passado, superam todos os preconceitos arraigados em nós que nos impediram de enriquecer nossas vidas com amigos que são negros, morenos, amarelos, vermelhos e brancos. Eles são diferentes de nós. Suas vidas são diferentes das nossas. Eles têm muito a nos ensinar sobre as muitas outras maneiras de ser nesse mundo.
Se precisarmos repensar todas as antigas idéias que estão agora em tanto conflito com o mundo ao nosso redor, se precisarmos repensar até mesmo a nossa noção de Deus, agora é o momento de nos dedicarmos aos verdadeiros questionamentos da vida. Mas que esses questionamentos não sejam relativos a emprego, dinheiro, prestígio, status social, superioridade ou arrogância.
Chegou a hora de nos perguntarmos que herança estamos deixando para trás. Porque uma coisa é certa: se pensamos seriamente sobre isso ou não, alguém que nós conhecemos o fará.
Um risco no decurso desses anos é cedermos à idéia de que o crescimento espiritual pessoal não é mais assunto para nós, deixando assim ao mundo uma herança inacabada.
Uma benção desses anos é ter tempo para completar em nós o que foi negligenciado ao longo de todos os anos que passaram, de modo que a herança a ser deixada para os outros corresponda plenamente ao potencial que existe dentro de nós.
Traduzido do inglês por Eugênio Fonseca de Medeiros
Irmã Joan Chittister, OSB, é mundialmente conhecida como conferencista e autora de mais de 35 livros. É atualmente co-presidente da «Global Peace Initiative» (Iniciativa pela Paz Global), uma organização feminina de construtoras da paz, patrocinada pelas Nações Unidas. Foi Prioresa do Mosteiro das Religiosas Beneditinas de Erie, Pennsilvania (Estados Unidos), durante doze anos, e é fundadora e diretora da Benetvision, um centro de consulta e pesquisa da espiritualidade contemporânea (www.benetvision.org).
(1) Chittister, Joan, The Gift of Years: Growning Older Gracefully, New York, BlueBridge, 2008.
(2) N. T. - Personagem de histórias infantis. É um ovo que se lamenta sobre um muro, cai, se quebra e tenta se consertar.