REUNIÃO ANUAL DO DIM/MID NA NORUEGA

Jo van Haeperen

TautraA convite de Irmã GilChrist Lavigne, OCSO, os responsáveis das diferentes comissões do DIM/MID europeu se encontraram no mês agosto de 2009 para sua reunião anual, em Lia Gard (Koppang), Noruega. Antes da reunião, os participantes foram calorosíssimamente acolhidos pelas monjas trapistinas, em seu esplêndido Mosteiro de Tautra, uma pequena ilha situada no meio do fiorde de Trondheim.

Como preâmbulo da reunião em Lia Gard, o encontro com a tradição religiosa dos Samis (Lapões) veio oportunamente lembrar que a atividade do DIM/MID se situa no contexto global do diálogo inter-religioso.

Mas, o que é feito da situação atual do diálogo inter-religioso monástico? Primeiramente, em seu próprio terreno. Estimulados por suas respectivas hierarquias monásticas, os membros do DIM/MID estão compreendendo da melhor maneira possível que o diálogo com o Islã, mais especificamente com seu ramo místico, o sufismo, se impõe cada vez mais. As experiências concretas se multiplicam na maioria dos países envolvidos: orações em comum, visitas alternadas, participação nas festas, etc... O convite oficial ao Irmão Daniel du Pont, OSB, para participar do congresso aniversário da confraria Alawyya, em Mostaganem, é um sinal estimulante na perspectiva de uma caminhada comum que está se abrindo a uns e a outros. 

Quais poderiam ser, desde já, as pistas que convidam para esta caminhada comum? Dom Timothy Wright, OSB, Abade emérito de Ampleforth, foi encarregado pelo Abade Primaz, Dom Notker Wolf, de explorar quais poderiam ser essas pistas fecundas para um diálogo. Ele mencionou quatro:

– «Em primeiro lugar, a oração dos monges e dos muçulmanos tem em comum o acento colocado sobre a recitação e a meditação de nossas respectivas Escrituras, a Palavra de Deus. Os muçulmanos fervorosos, como os monges, aprendem de cor e recitam os textos, pois a oração não é apenas na mesquita, mas também em casa e na rua. O chamado à oração cinco vezes por dia pede ao muçulmano que interrompa o trabalho, tome seu tapete de oração e faça a rak’a prescrita, do mesmo modo como São Bento indica aos monges que trabalham nos campos: ao toque do sino, celebrem ali mesmo ofício.

– Em segundo lugar, ao longo do dia do muçulmano, as palavras de Deus, conservadas na memória, nunca estão longe de seus lábios, assim como a Regra sugere ao monge que se lembre da presença de Deus a cada instante do dia.

– Em terceiro lugar, os monges e os muçulmanos compreendem a hospitalidade como uma visita de Deus.

– Em quarto lugar, os monges e os muçulmanos vivem seriamente um período de ascetismo, a saber, a quaresma e o ramadã».

A evocação dessas pistas constitui incontestavelmente um sério comprometimento e um forte estímulo para prosseguir um diálogo no discernimento e na autenticidade.

Jo van Haeperen é oblato secular
do Mosteiro de Saint-André de Clerlande, Ottignies (Bélgica)
e Secretário Geral do Boletim da A.I.M.

Traduzido do francês por Maria Luísa Laranjeiro de Souza.